6.6.07
Condecoração de José Pedro Machado no 10 de Junho
Há notícias assim, com o condão de nos deixarem jubilosamente surpreendidos. Nada por que não nos tivéssemos batido, de há cerca de dois anos para cá, desde a data da morte de José Pedro Machado, ocorrida em 26 de Julho de 2005.
Um pequeno grupo de cidadãos, reunidos na Associação dos Antigos Alunos da Escola Industrial Afonso Domingues, na sua maioria antigos discípulos daquele insigne Académico, verdadeiro Mestre de gerações, no saber, na ética, como na vida, sem dispor de influências especiais, prestou-se a lutar pelo reconhecimento e divulgação do nome e da obra de um dos seus mais queridos Professores, notável homem de letras, lexicólogo de raro fôlego, um dos maiores dicionaristas portugueses de todo o século XX e início do século XXI.
Num tempo tão avaro de reais valores, frequentemente desatento a alguns dos nossos espíritos mais brilhantes, apesar da profusão das suas obras, é reconfortante verificar que, nalguns casos, contra faltas e omissões inexplicáveis, se consegue fazer justiça, ainda que tardiamente.
Como sempre defendemos, as condecorações que JPM possuía eram de escasso relevo para a grandeza dos seus méritos, sobretudo se comparados com os da maioria de outras personalidades prodigamente distinguidas pelos vários Presidentes da República nos mais de três decénios decorridos após a Revolução do 25 de Abril de 1974.
Tal circunstância, como afirmávamos, não era impeditiva de que JPM viesse a receber nova condecoração, desde que superior às anteriores, condigna com os seus reais méritos intelectuais e cívicos.
Sempre pugnámos também pela sua consagração na data simbólica do 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas espalhadas pelo Mundo, entidades a quem JPM tanto trabalho e carinho devotou, com imensas obras que tratam predominantemente de temas relacionados com a Língua, a História e a Cultura Portuguesas.
Analogamente, à figura de Luís de Camões, a «Os Lusíadas», aos Descobrimentos Marítimos e à Viagem de Vasco da Gama dedicou JPM vários dos seus estudos específicos, como em pormenor já aqui assinalei noutros artigos que em sua honra ousei escrever, suprindo uma clara falta de atenção da nossa comunidade científica e cultural.
Com o seu discreto mas altivo perfil de cidadão exemplar e de patriota esclarecido nenhuma outra data, senão o 10 de Junho, poderia ser mais adequada para a sua consagração.
Vê, assim, com suprema satisfação, este pequeno mas persistente grupo de cidadãos, coroados de êxito os seus continuados esforços, em boa hora empreendidos, ao receber a informação de que o seu Mestre dilecto de uma época já algo distante, vai ser condecorado, a título póstumo, com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, no próximo domingo, 10 de Junho de 2007, em cerimónia protocolar a realizar no Edifício do Porto da cidade de Setúbal.
A representá-lo estará, fisicamente, uma das suas extremosas filhas, a quem já felicitámos, bem como estendemos à restante família as correspondentes saudações, e estaremos nós outros e, por certo, muitos mais cidadãos, em espírito, em comunhão de sentimentos, com este nobre acto de reparação de um incompreensível esquecimento que teimava em persistir, para com quem tanto honrou e dignificou o Ensino, a Ciência e a Cultura do seu País.
Desta feita, cumpre louvar, sem qualquer parcimónia, o alto critério exercido pelo Senhor Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.
Por este exercício se honra o Presidente da República, se honra o País, e por ele ficamos nós profundamente orgulhosos de havermos porfiadamente sustentado a necessidade da presente distinção, com o apoio de algumas – poucas – Entidades, a quem iremos individualmente agradecer, como é nossa obrigação.
A representá-lo estará, fisicamente, uma das suas extremosas filhas, a quem já felicitámos, bem como estendemos à restante família as correspondentes saudações, e estaremos nós outros e, por certo, muitos mais cidadãos, em espírito, em comunhão de sentimentos, com este nobre acto de reparação de um incompreensível esquecimento que teimava em persistir, para com quem tanto honrou e dignificou o Ensino, a Ciência e a Cultura do seu País.
Desta feita, cumpre louvar, sem qualquer parcimónia, o alto critério exercido pelo Senhor Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.
Por este exercício se honra o Presidente da República, se honra o País, e por ele ficamos nós profundamente orgulhosos de havermos porfiadamente sustentado a necessidade da presente distinção, com o apoio de algumas – poucas – Entidades, a quem iremos individualmente agradecer, como é nossa obrigação.
Certamente que as entidades oficiais me perdoarão a antecipação desta agradável notícia aqui emocionalmente revelada.
Cabe a propósito rematar : nunca é tarde para se fazer justiça, lá onde ela precise de ser feita.
- Finis coronat opus / O fim coroa a obra.
- Guta cavat lapidem, non vi sed saepe cadendo / A gota escava a pedra, não pela força, mas caindo muitas vezes.
AV_Lisboa, 05 de Junho de 2007
Cabe a propósito rematar : nunca é tarde para se fazer justiça, lá onde ela precise de ser feita.
- Finis coronat opus / O fim coroa a obra.
- Guta cavat lapidem, non vi sed saepe cadendo / A gota escava a pedra, não pela força, mas caindo muitas vezes.
AV_Lisboa, 05 de Junho de 2007
Comments:
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Está de parabéns o António Viriato, que tanto se esforçou por proporcionar esta nova distinção ao seu antigo mestre.
Que este reconhecimento oficial do trabalho de José Pedro Machado é inteiramente merecido, não tenho qualquer dúvida, mas não sei dizer se, estivesse ele vivo, mais satisfeito ficaria com a comenda do que com o carinho manifestado pelos seus antigos alunos.
Jorge Oliveira
Que este reconhecimento oficial do trabalho de José Pedro Machado é inteiramente merecido, não tenho qualquer dúvida, mas não sei dizer se, estivesse ele vivo, mais satisfeito ficaria com a comenda do que com o carinho manifestado pelos seus antigos alunos.
Jorge Oliveira
Tenho uma aversão visceral a condecorações. Apesar de me terem dado algumas — ossos do ofício —, nunca as usei. O que me poderia ter acarretado uma ou mais punições. O que só não aconteceu porque já ninguém olha para elas. Guardei-as dentro de uma caixa e, como são de má qualidade (o Estado é unhas-de-fome para essas coisas), estão oxidadas e com mau aspecto...
É que condecorar já não é distinguir, tal tem sido a inflacção, o oportunismo e a falta de critério.
Lamento que um Homem como José Pedro Machado seja incluído nessa espécie de cerimónia que, a meu ver, é simplesmente grotesca.
É que condecorar já não é distinguir, tal tem sido a inflacção, o oportunismo e a falta de critério.
Lamento que um Homem como José Pedro Machado seja incluído nessa espécie de cerimónia que, a meu ver, é simplesmente grotesca.
Caro Amigo Fernando Vouga,
Quando o verdadeiro mérito obtém reconhecimento oficial, ainda que tardio, só deve haver motivo para satisfação.
Com uma ponta de orgulho pessoal o afirmo, neste caso, porque se trata de algo de que ocupo há algum tempo.
Felizmente, vejo-me aqui inteiramente recompensado e quero esquecer todos os nomes que porventura não hajam merecido igual ou superior distinção.
Voltarei brevemente ao tema.
Um abraço.
Quando o verdadeiro mérito obtém reconhecimento oficial, ainda que tardio, só deve haver motivo para satisfação.
Com uma ponta de orgulho pessoal o afirmo, neste caso, porque se trata de algo de que ocupo há algum tempo.
Felizmente, vejo-me aqui inteiramente recompensado e quero esquecer todos os nomes que porventura não hajam merecido igual ou superior distinção.
Voltarei brevemente ao tema.
Um abraço.
Caro Amigo Fernando Vouga,
Quando o verdadeiro mérito obtém reconhecimento oficial, ainda que tardio, só deve haver motivo para satisfação.
Com uma ponta de orgulho pessoal o afirmo, neste caso, porque se trata de algo de que me ocupo há algum tempo.
Felizmente, vejo-me aqui inteiramente recompensado e quero esquecer todos os nomes que porventura não hajam merecido igual ou superior distinção.
Voltarei brevemente ao tema.
Um abraço.
Quando o verdadeiro mérito obtém reconhecimento oficial, ainda que tardio, só deve haver motivo para satisfação.
Com uma ponta de orgulho pessoal o afirmo, neste caso, porque se trata de algo de que me ocupo há algum tempo.
Felizmente, vejo-me aqui inteiramente recompensado e quero esquecer todos os nomes que porventura não hajam merecido igual ou superior distinção.
Voltarei brevemente ao tema.
Um abraço.
Pobres professores de todos os lugares!
Estou apenas aproveitando uns minutos para "bisbilhotar" um pouco por aqui - é impossível, aqui, ficar só um pouco, uma pena não poder ler TUDO como gostaria e comentar como você merece.
Ainda estou sem postar, não sei até quando...
MUITOS ABRAÇOS,
Bisbilhoteira.
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Estou apenas aproveitando uns minutos para "bisbilhotar" um pouco por aqui - é impossível, aqui, ficar só um pouco, uma pena não poder ler TUDO como gostaria e comentar como você merece.
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